História

Em defesa do território…

O coletivo Guerreiras da Floresta surgiu em 2014, a partir da necessidade observada pelas mulheres da Terra Indígena Caru (MA) de apoiar e promover ações de proteção territorial ao lado dos Guardiões da Floresta, na defesa dos territórios e das culturas indígenas.

As Guerreiras da TI Caru têm na sua missão a proteção de 172,665 mil hectares de terra indígena demarcada, território que é constantemente ameaçado pelo desmatamento e atividades ilegais, como retirada de madeira, caça e pesca, praticadas por invasores não indígenas.

A luta pela integridade territorial na TI Caru se iniciou com toda a comunidade, que se envolveu no processo demarcatório, finalizado com o Decreto 22/11/1982. Em 2014,  as mulheres guajajara assumiram o protagonismo na proteção territorial, para mitigar conflitos internos relativos à gestão do território. Demonstrando força e determinação, decidiram criar o “Conselho de Mulheres”, para mediar os diálogos e tratativas com os povoados do entorno. 

A partir da atuação do Conselho de Mulheres, os homens foram incentivados a participar e fortalecer o grupo de Guardiões da Floresta. Nas suas ações, os Guardiões percorrem toda a Terra Indígena a fim de identificar atividades ilícitas e denunciá-las aos órgãos competentes. Neste período, o Conselho de Mulheres, tornou-se o coletivo Guerreiras da Floresta, dando novos significados à luta com a inserção da visão da mulher indígena na busca de novas estratégias para a defesa e proteção territorial. Além de fortalecer o papel das mulheres em espaços de decisões comunitárias, as reflexões que as Guerreiras faziam após as inúmeras expedições de monitoramento realizadas junto com os Guardiões, demonstraram que as ações deveriam ir além das fronteiras dos territórios indígenas, chegando até os povoados do entorno, e só assim conseguiriam compreender melhor a realidade dos invasores para assim sensibilizá-los de forma mais efetiva.

Assim, as Guerreiras da Floresta iniciaram uma agenda de constantes visitas aos povoados do entorno da TI Caru, com o objetivo de promover diálogos e campanhas socioeducativas de sensibilização. Nessas visitas, as Guerreiras abordam a importância da conservação ambiental da floresta e dos serviços ecossistêmicos que se estendem a indígenas e não indígenas. As culturas indígenas também são apresentadas, pois muitas pessoas dessas localidades desconhecem que o território em questão é uma Terra Indígena demarcada e habitada tradicionalmente por povos originários. As Guerreiras também explicam a atuação dos Guardiões da Floresta, desse modo, procuram sensibilizar a todos/as como forma de evitar qualquer tipo de conflito.

A luta em defesa da Mãe Terra é a principal frente de trabalho das Guerreiras da Floresta, pois a mata é essencial para a vida dos povos indígenas e para todo o planeta. O trabalho das Guerreiras da Floresta, ao lado dos Guardiões da Floresta, significa que a resistência dos povos indígenas continua, na busca por salvar o pouco do verde que ainda existe nos territórios. As Guerreiras seguem lutando e ensinando também a nova geração como se integrar nessa luta, para que a terra seja preservada para todos, envolvendo as crianças indígenas e jovens indígenas, negras e brancas, para que se tornem aliados nessa luta.

Graças a muito esforço e coragem, as Guerreiras são reconhecidas pelo seu trabalho e servem de exemplo dentro e fora do estado do Maranhão.

Maísa Caragiu Viana Guajajara

COORDENADORA GERAL

Mulher, mãe de três filhos, compõe o coletivo desde a criação. Se destaca como jovem liderança, participando de discussões sobre mudanças climáticas, proteção territorial, fortalecimento da cultura, movimento de mulheres indígenas. Acadêmica do curso de licenciatura intercultural – Proetnos (UEMA)

Atividades desenvolvidas pelas Guerreiras da Floresta

Além do trabalho de sensibilização do entorno, as Guerreiras também desenvolvem inúmeras outras atividades, entre elas:

  • Expedições
  • Sensibilizações
  • Reuniões
  • Participações em eventos
  • Intercâmbios
  • Encontros
  • Seminários